6 de maio de 2009

Golden Eye;

Dezoito de janeiro de dois mil e oito. Exatamente quatro e quarenta e um da madrugada. Ah, a madrugada! Tempo de imaginações férteis e fertilizações imaginárias. Quase nada utópico, nada fake, nada feio. “Seja bem-vindo ao mundo, espantalho! Apresento-lhe nosso prato principal: você.” Parabéns. Esse é o começo do fim da sua vida, nada mais desanimador. Muitos passos para andar, muitos filhos para criar, dá-lhe shampoo anti-caspa (e os comprimidos pra tomar). Citar como a vida pode ser maravilhosa a essa altura dos fatos mundiais é ser muito clichê. Falemos então da vida suburbana, das batalhas diárias pelo pão da dignidade. Das bocas mutiladoras, dos adesivos perturbadores. “Sorria, você está sendo aniquilado.” Cansada de jogar o jogo. Apertar o replay mais uma vez? Não. A circunstância ajuda, mas se o mundo fosse feito de circunstância nós mataríamos um deus por dia. Mataríamos com uma faca de plástico de festa de criança como diz meu mestre-guru-macho-amante. Concordo.
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Abram as portas do inferno, batam palmas e agradeçam aos cinzeiros mágicos e lúdicos. O showzinho de merda vai começar!

4 de maio de 2009

Um Homem Cortado em Fatias

Ela se atirou na cama com as pernas abertas. Parecia até um tesouro, uma outra vida, uma vida-vida. Aquele hálito venenoso de primavera no ar. A fresta da janela anunciava mais uma noite lilás com umas goladas de whisky dezoito anos pairando sobre cabeças de espantalho. Láudano. Você, precisamente você. Toda a maldita corrente da vida através de você, através dele e dela, através de todos os homens e mulheres antes e depois de você, as flores, os pássaros, a fragrância disso. Aniquilando. Sufocando. Libidinando, conquistando, me afastando.
Você não soube me foder. Você me dizendo com aquelas suas adenóides estranguladas:" Bem, agora vou dizer-lhe uma coisa...há duas maneiras de encarar isso." Foda-se. Foda-se o seu universo pluralístico e sua acústica de ratos voadores. Foda-se o cheiro de homem que você deixou nas minhas entranhas e a casa de veraneio que você arrancou dos meus olhos.

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Coragem. E uma positividade incrível. Porque eu sou uma otimista incurável. Eu digo, caro maluco que está lendo, eu sou uma otimista incurável e uma pessimista de finais de semana.