27 de abril de 2009

Eu toda nua com meu Bukowsky das ruas.

Simplesmente olho meu marginal (e não no sentido criminal da palavra). Me sinto calma e fiel. Sempre aquela ternura quase escondida, aquele peito cheio de orgulhos e um olhar de demônio e de anjo. Mas não me preocupo. Sei que meu homem, livre e ludicamente arrogante, faz parte do meu domínio. Essa sensação de proprietária se compara à todas as vezes que eu cruzei com olhares fulminantes nas ruas e não fiz questão nenhuma de me importar. Tudo nele é penetrante - a verdade de ser sempre bom, sempre vestido naqueles "panos", torpe de gestos, um olhar insondável. Sinto ele me penetrando até quando não estou com ele, sinto ele desfolhar minha pele, desvelar meus seios, abrir as minhas pernas e me penetrar como se aquilo fizesse parte de um ritual judaico ou algo do tipo. Sempre que parte, deixa em mim um fantasma diabólico de cores, métrica, musicalidade, poemas decassílabos e a sensação de que corporalmente nós somos ligados (mesmo que esse "nós" hoje signifique qualquer coisa esquálida que possa existir). "Essa idiotice corporal deve acontecer com todas" - penso eu. O caralho, não pode ser! Eu então, abandonada como realmente me sinto, vivo da memória do sexo único, gostoso, carregado de porra. Como se o amor com ele me fizesse às vezes uma fera que amamenta sua cria e logo foge. De medo. Puro medo. Eu o amo, mas uma voz crescente lá no fundo (um fundo denso) vive dizendo: "Ele não perde por esperar, ele não perde por esperar..."

"(...) se tão contrário a si é o mesmo Amor?"

Um comentário:

Jorge disse...

Tenho certeza que é exatamente por isso que seus textos são tão lambíveis e publicáveis. Essa escrita de mulher em uma cabeça de menina, muito admirável! Grande futuro da literatura, mulher!!!