12 de novembro de 2008

Um copo de leite e cinco bolachas.




16:32 - DOZE DE NOVEMBRO DE 2008


Daqui eu enxergo tudo. Posso ver o cabelo branco do senhor a minha frente, posso captar a essência do superego afetando tudo ao redor. Consigo ouvir a alma impetuosa a que tenta se libertar desse corpo velho, sem mais nada pra oferecer. Ao lado dele se encontra um jovem de óculos, cabelo grande, com um sorriso que parece uma espada afiada fazendo aquele barulho de tilintar. Ele sim tem um jeito esnobe e indiscutivelmente falso. Ri de tudo mas não entende sequer o que o velho habla; - Ele parece aqueles idiotas de comercial de margarina (lembrete: Eu ODEIO margarina) que teimam em nos convencer que a vida é totalmente bela e justa pra toda essa humanidade inútil e ignorante. Sinto um cheiro desagradável de felicidade mórbida, aquele jeitinho que só os afortunados podem ter. Esse cara mesmo tem esse tal jeitinho, não sabe nem disfarçar que o tédio o domina por completo uma hora dessa, já que o velho não para de falar sobre clientes, telefones, sincronização e conexão. Que se foda! O jovem com sorrisão tem mais prestígio que o velho. De todas as maneiras. Ele ganha bem, tem todos os dentes na boca, não trabalha de final de semana e ainda fode diaramente com uma vizinha que adora levar uns tapas na cara. Ele deve estar pensando sobre a crise mundial, a alta do dólar, a baixa do real e o prejuízo que ele vai tomar se essa crise não cessar rapidamente!
Essa é a hora do velho levantar a cabeça e cortar a garganta do jovenzinho feliz. É essa a hora de demonstrar que a experiência sempre supera a juventude, a hora de mostrar pra todo mundo o quanto o ódio é um sentimento puro e belíssimamente mortal. Nessa minha mente entediada de headset na cabeça, a imaginação vai longe. Muito longe.
O cabeludo margarina agora prende o cabelo, parece aqueles samurais que levam 861 chutes na cara e continuam com aquele olhar 43 pra câmera, como se ele disesse: "Viu pessoal, eu posso levar 15 tiros na cara e meu cabelo nem solta. Ele continua lindo. E por quê? Porquê eu uso o gel superfucking TENRAPORRA, o gel mais famoso do mundo."
Esse menininho é comercial até quando não quer ser, ele inspira mentira. Ele é uma mentira untada com margarina com sorrisos Colgate pra todo mundo.
Mas o velho também não curte Margarina e nem a felicidade que ela traria publicitariamente. Ele prefere manteiga, aquela coisa mais rude, mais salgada, mais manual. Ele adora aquela cena que o galã do filme enxe o dedo de manteiga e enfia diretamente no cu da mocinha pra amaciar o local e logo enfiar o caralho adentro da coitada. O velho não suporta charme, ele gosta de grosseria. O velho nunca gostou dessas frescuras dos jovens, quem dirá de um garotinho que ganha muito mais que ele e come uma mulher bem mais gostosa do que a dele. Mas até aí, quem disse que o mundo é justo? Que se foda essa moralzinha hipócrita que todo mundo acredita.
O velho agora traz consigo uma euforia no olhar que irriga as veias de um sangue tão vermelho que chega a colorir a íris desse olho cansado. Ele agora tem certeza do que sente e do que quer fazer: PRATICAR A ULTRAVIOLENCE.

O menino perfeito olha praquela íris totalmente vermelha e sente um calafrio bem na espinha. Aquele que só a Linda Blair causa quando assistimos "O Exorcista". Ele decide que está na hora de ir e diz pro velho:
- "Tudo bem, já o avaliei. Mando a resposta pro seu superior. Mas qualquer eventualidade é só me procurar, meu nome é Yasuda e eu sou o Gerente de Operações da da maior empresa de telefonia do Brasil. Boa tarde e boa sorte."
O tiozão old school abaixa a cabeça, se lembra que ele é só mais um número perdido nesse mundão exato, retorna a suavida de Perestróiko proletariado e sorri.

Right-right-right. O mundo gira e o velhão continua na mesma.
O mundo gira e o garoto margarina continua com a vizinha sadô-masô e com seus cifrões desvalorizados.

2 comentários:

Anônimo disse...

maconha

sem mais.

Natália. disse...

adoro maconha.!